Como é que os psicadélicos influenciam a cognição social?

Como é que os psicadélicos influenciam a cognição social?

 

Os psicadélicos têm despertado interesse como potenciais tratamentos para o défice de cognição social, comummente associado ao espetro do autismo e à ansiedade social. Estudos anteriores mostraram que os psicadélicos modulam o processamento social ao alterar o reconhecimento das emoções nas expressões faciais, a atenção conjunta em interações sociais, a tomada de perspetiva do outro, e a empatia. As evidências sugerem que o efeito pode estar associado ao impacto que exercem nas redes de cognição social. No entanto, os mecanismos exatos para explicar este impacto são ainda pouco compreendidos. A equipa de investigação liderada por Miguel Castelo-Branco realizou um estudo farmacológico que investigou os efeitos da N,N-Dimetiltriptamina (psicadélico DMT) na conectividade funcional em regiões cerebrais relevantes para a cognição social, com um desenho intra-sujeito. Os resultados corroboraram a hipótese de que a DMT induz alterações na conectividade funcional em regiões cerebrais relevantes para a cognição social, bem como em áreas associadas à emoção e ao valor afetivo. Além disso, as alterações na força da conectividade foram correlacionadas com aumentos nos efeitos psicadélicos autorreportados. Estas correlações destacam a relação entre os efeitos neurais da DMT nos circuitos socioemocionais e as experiências subjetivas. Estes resultados dão pistas acerca dos efeitos dos psicadélicos no comportamento social, com implicações em distúrbios como a ansiedade social e a depressão. Ao mesmo tempo, parecem sugerir que a conectividade aumentada, em vez da atividade reduzida, desempenha um papel crucial em estados psicadélicos. Assim, estas descobertas contribuem para entender o potencial terapêutico dos psicadélicos e os seus efeitos no "cérebro social". Este estudo foi publicado na revista científica Frontiers in Pharmacology, no artigo Increased functional connectivity between brain regions involved in social cognition, emotion and affective-value in psychedelic states induced by N,N-Dimethyltryptamine (DMT), no âmbito do projeto de investigação 252/18 - Spiritual states induced by ayahuasca, and the involvement of the reward system, apoiado pela Fundação BIAL

 


ABSTRACT

The dimensions of objects and our body parts influence our perception of the weight of objects in our surroundings. It has been recently described a dramatic underestimation of the perceived weight of the hand. However, little is known on how perceived size informs the perceived weight of our own body parts. Here we investigated the effects of embodying an enlarged and a shrunken hand on perceived hand weight. We manipulated hand size using a visual-tactile illusion with magnifying and minifying mirrors. We then measured perceived hand weight using a psychophysical matching task in which participants estimate if a weight hanged on their wrist feels heavier or lighter than the experienced weight of their hand. Our results indicated that participants tended to underestimate the weight of their hand more when embodying a smaller hand, and less so when embodying a larger hand. That is, the perceived size of the hand plays a role in shaping its perceived weight. Importantly, our results revealed that the perception of the weight of body parts is processed differently from the perception of object weight, demonstrating resistance to the size-weight illusion. We suggest a model based on constant density to elucidate the influence of hand size in determining hand weight.