O Presidente do Júri do BIAL Award in Biomedicine 2025, neurocientista Ralph Adolphs (Caltech, EUA), desafia grupos organizados de cientistas a nomear artigos excecionais, sublinhando o aumento significativo do valor do prémio para €350.000 e a sua crescente reputação como prelúdio do Prémio Nobel. Destaca a natureza altruísta do prémio e os seus critérios únicos, que continuam a elevar o reconhecimento global e o impacto da investigação biomédica inovadora. As nomeações estão abertas até 30 de junho.
Este é um prémio um pouco altruísta porque quem nomeia nunca pode ganhar. Que argumentos apresenta para convencer os potenciais nomeadores a elegerem o artigo mais relevante na área da Biomedicina nos últimos 10 anos?
Ralph Adolphs - Gostaria de pensar que, a este respeito, todos os cientistas são de facto altruístas. Ficamos contentes por ver os nossos colegas reconhecidos e agradecemos a filantropia no domínio da biomedicina em geral.
Depois de, na edição de 2021, dois dos co-autores do artigo vencedor do BIAL Award in Biomedicine terem sido distinguidos mais tarde com o Nobel da Medicina, acha que podemos olhar para este Prémio como o Pré-Nobel? Essa será uma vantagem pelo prestígio que confere ou coloca a fasquia tão elevada que intimida?
RA - O Júri ficou naturalmente satisfeito por ver que o Comité do Nobel concordou posteriormente com a nossa seleção quando decidimos o BIAL Award in Biomedicine 2021. Mas o BIAL Award terá sempre uma seleção própria e independente que, antes de mais, se mantém fiel à missão da Fundação BIAL: identificar os melhores trabalhos de investigação biomédica dos últimos 10 anos, com impacto tanto na ciência básica como na clínica. Estes critérios são distintos de outros prémios, e o prestígio do BIAL Award in Biomedicine não necessita de comparação com outros prémios para confirmar o seu valor e qualidade.
Que critérios obrigatórios tem de preencher um artigo científico para entrar na pool dos elegíveis a este Prémio?
RA - É importante que os cientistas que pretendam nomear um trabalho leiam atentamente as diretrizes. O BIAL Award in Biomedicine é atribuído a um trabalho, não a uma pessoa, e deve ser um artigo empírico (de investigação), revisto por pares, que seja não só de excelente qualidade, mas também de claro impacto translacional (clínico). Serão excluídos, por exemplo, artigos de revisão, artigos no BioRxiv que ainda não tenham sido revistos por pares ou estudos de investigação básica que não demonstrem um impacto clínico convincente. Serão considerados estudos de investigação notáveis, revistos por pares, num modelo animal que, na sua secção de discussão, apresentem um argumento muito convincente para a relevância translacional do trabalho (por isso, não é necessária investigação explícita em seres humanos, embora seja certamente útil).
Nesta quarta edição, o valor do Prémio subiu para 350 mil euros. De que forma considera que a atribuição deste Prémio contribui para impulsionar a valorização da investigação na área da Biomedicina a um nível internacional?
RA - Estou muito grato pelo facto de a Fundação BIAL ter decidido aumentar o montante do prémio, o que terá certamente um impacto positivo tanto na sua visibilidade como na evolução da biomedicina, onde a ciência ambiciosa é cada vez mais dispendiosa.
A última edição registou um aumento considerável de nomeações relativamente à edição anterior e as expectativas estão elevadas para a de 2025. Como encarou o Júri o desafio de analisar 70 artigos numa área tão abrangente como a da Biomedicina?
RA - É importante salientar que, por muito excelente que seja um estudo, não pode ser considerado se não for nomeado. Por isso, convidamos qualquer grupo organizado de cientistas, como uma universidade, uma sociedade, uma academia ou um instituto de investigação, a nomear um trabalho. O Júri não tem qualquer dificuldade em avaliar um maior número de candidaturas, trabalho que faremos a partir de julho de 2025 e que culminará em dois dias de discussões à porta fechada em novembro.
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