Podem as sensações de contacto com um falecido ajudar no processo de luto?

Podem as sensações de contacto com um falecido ajudar no processo de luto?

Em todas as sociedades, é provável que 30 a 34% dos indivíduos experimentem pelo menos uma comunicação pós-morte (em inglês, after-death communication ou ADC) durante a sua vida. A ADC é definida como um fenômeno espontâneo no qual um indivíduo vivo tem a sensação de contacto direto com uma pessoa falecida. Uma ADC pode manifestar-se de diversas formas, tais como sentir a presença da pessoa falecida através do olfato, da visão, da audição ou até do toque; experiências simbólicas (tocar uma música no rádio, flores desabrochando fora da estação, etc.); experiências eletrónicas (receber um telefonema, um “gosto” no Facebook ou um e-mail do falecido, anomalias informáticas, etc.); visitas ou mensagens em sonhos. As ADCs ocorrem em diferentes culturas, raças, idade, estatuto socioeconómico, nível de escolaridade, género e crenças religiosas. No âmbito do projeto 169/20 - Investigation of the Phenomenology and Impact of Spontaneous and Direct After-Death Communications (ADCs), apoiado pela Fundação BIAL, a equipa de investigação explorou o impacto das ADCs no luto, envolvendo 70 indivíduos que vivenciaram ADCs com parceiros ou cônjuges falecidos. A maioria considerou as ADCs reconfortantes (81%) e úteis no seu luto (84%). Para 49% dos participantes, as ADCs pareceram facilitar a aceitação da perda e 42% confirmaram uma recuperação mais célere devido à ADC. As implicações destes resultados são discutidas no artigo Description and impact of encounters with deceased partners or spouses publicados na revista científica OMEGA - Journal of Death and Dying.

 

ABSTRACT

This study investigates perceived interactions with the deceased, a phenomenon reported across societies, with 30-34% of individuals likely experiencing at least one ADC in their lifetime. Despite this prevalence, studies examining the impact of ADCs’ on those who have lost partners are limited. We present data from 70 individuals reporting partner ADCs via an online survey. Forty percent reported accelerated recovery and 42.9% confirm the ADCs' significant influence in their grieving, with 61% expressing a desire for continued contact. ADCs, interestingly, didn’t worsen their pain. The influence on grief-related sadness varied: 41% noted no change, while 40% reported reduced sadness. Forty-seven percent acknowledged ADCs eased their loss acceptance. The data highlight ADCs’ substantial, potentially therapeutic role in grief and healing, despite varying effects on sadness and recovery. This study underscores the ADCs’ possible positive influence on bereaved partners, advocating for a deeper understanding of this phenomenon in the grieving process.