Brincar com os pais em casa facilita a adaptação das crianças ao ensino pré-escolar?

Brincar com os pais em casa facilita a adaptação das crianças ao ensino pré-escolar?

Investigadores analisaram a concentração de oxitocina em crianças para aferir se poderia estar associada a problemas de comportamento na pré-escola. Os resultados revelaram que crianças com maiores níveis de oxitocina registam melhor adaptação ao seu ambiente pré-escolar e que brincar com os pais faz aumentar esses níveis.

Conhecida como uma das hormonas implicadas nos comportamentos de afiliação social, a oxitocina tem sido alvo de vários estudos que procuram compreender o seu papel em diversas patologias mentais e perturbações de comportamento. Esta substância é produzida no cérebro em várias situações da vida do ser humano e a sua maior concentração no organismo mostrou estar associada a uma maior empatia, generosidade e confiança nos outros.

Será então possível usá-la como substância terapêutica em problemas como o autismo, ansiedade, agressividade ou hiperatividade? “Na verdade, o papel da oxitocina tem-se revelado oscilante, esquivo e com resultados contraditórios”, explica Nuno Torres, investigador apoiado pela Fundação BIAL, num artigo publicado no jornal Público.

Considerando estudos anteriores que indicaram uma eficácia reduzida na administração de oxitocina a pessoas com experiências adversas na infância, e até que a sua administração em excesso pode estar ligada a uma maior agressividade, uma equipa de investigadores do Centro de Investigação William James do ISPA-Instituto Universitário, em colaboração com a Universidade de Washington State, estudou a produção de oxitocina e a sua presença em crianças de idade pré-escolar para perceber se a concentração deste neuropéptido em diferentes situações poderia estar associada a maiores ou menores problemas de comportamento na pré-escola.

No artigo “Salivary oxytocin after play with parents predicts behavioural problems in preschool children” publicado em fevereiro de 2022 na revista Psychoneuroendocrinology, Nuno Torres, Daniel Martins, Lígia Monteiro, António J. Santos, Brian E. Vaughn e Manuela Veríssimo explicam que, para aferir o nível de oxitocina, recolheram amostras de saliva de 30 crianças em idade pré-escolar (17 meninas e 13 meninos) durante cinco dias em diferentes situações: rotina diária, antes e depois de situações de brincadeiras didáticas com os pais. Os problemas de comportamento das crianças foram avaliados pelo questionário Caregiver-Teacher Report Form, preenchido pela professora da pré-escola da criança.

Os resultados obtidos fazem prever que as crianças terão uma melhor adaptação e maior harmonia no seu ambiente pré-escolar, se tiverem maiores níveis de oxitocina a circular no organismo. Tal acontece, por exemplo, após brincarem com os seus pais durante quinze minutos.

De acordo com Nuno Torres, este trabalho “pode permitir desenhar melhores práticas educativas que estimulem a saúde global”. Num futuro próximo, “estamos a pensar também avaliar os níveis de oxitocina dos pais, para nos permitir perceber melhor o processo de interação psicológico, biológico e social nos dois elementos, pais e criança”, finaliza.

Saiba mais sobre o projeto “Neuroendocrine underpinnings of social bonds to parents and peers in preschool children. Oxytocin and Cortisol on adopted children and non-adopted controls” aqui.


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