O envelhecimento muda a forma como interpretamos expressões faciais de emoção?

O envelhecimento muda a forma como interpretamos expressões faciais de emoção?

Investigadores analisaram o impacto do envelhecimento no processamento facial e verificaram que pode dificultar o processamento neuronal de expressões faciais de emoção, e que essa dificuldade parece ser maior quando se trata da identificação de emoções de rostos de pessoas mais velhas.

Sabendo-se que os rostos humanos são estímulos omnipresentes nas nossas vidas diárias e uma importante fonte de informação social, inferir com precisão as emoções dos outros a partir dos seus rostos pode ser o primeiro passo para interações sociais bem-sucedidas.

Em qualquer idade o isolamento social pode ter implicações negativas no bem-estar, porém, na faixa etária dos idosos, os efeitos da baixa interação social podem ser ainda mais prejudiciais, uma vez que se sabe que os idosos com relações sociais mais fortes têm menos probabilidade de declínio nas funções cognitivas do que seus pares socialmente isolados.

Apesar de existirem vários estudos sobre o papel que o processamento facial pode ter na saúde e no bem-estar dos idosos, os efeitos do envelhecimento nessa capacidade não são ainda totalmente compreendidos. Duas meta-análises (Gonçalves et al., 2018a; Ruffman et al., 2008) mostraram que os adultos mais velhos são menos precisos do que os adultos mais jovens na identificação de expressões faciais de raiva, medo, tristeza e surpresa. No entanto, resultados menos robustos foram encontrados para as expressões de nojo e alegria.

Com o apoio da Fundação BIAL, João Marques-Teixeira e colaboradores realizaram um estudo  recorrendo a uma amostra de 25 jovens adultos, 23 adultos de meia-idade e 25 idosos para realização de duas tarefas de identificação de emoções faciais durante um eletroencefalograma (EEG). Os resultados, apresentados no artigo Effects of aging on face processing: An ERP study of the own-age bias with neutral and emotional faces, publicado em fevereiro na revista Cortex, mostraram que o envelhecimento afeta o processamento facial e emocional, em consonância com relatos anteriores.

Os investigadores do Laboratório de Neuropsicofisiologia da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto verificaram que os idosos, quando comparados com os jovens adultos, ativam recursos neuronais adicionais durante a visualização de expressões faciais de emoção (alegria, tristeza e nojo), bem como de estímulos não faciais (como casas, canecas ou borboletas).

João Marques-Teixeira realça que os resultados obtidos podem ter implicações sociais importantes quando se constata que o envelhecimento pode dificultar o processamento neuronal de expressões faciais de emoção, e que essa dificuldade pode ser exacerbada durante a identificação de emoções de rostos dos seus pares da mesma idade.

Saiba mais sobre o projeto “Healthy aging and economic decision-making: neuropsychophysiological examination of the affect-integration-motivation framework of decision-making in aging brain” aqui.

 

 

 


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