Pessoas mais produtivas à noite mostram maior aquisição de medo, o que pode aumentar risco de desenvolver ansiedade

Pessoas mais produtivas à noite mostram maior aquisição de medo, o que pode aumentar risco de desenvolver ansiedade

Estudo revela que a maior vulnerabilidade de indivíduos com cronotipo noturno (indivíduo com propensão a ser mais produtivo à noite ou ao amanhecer) à ansiedade e transtornos relacionados pode ser mediada pela alteração da aprendizagem emocional.

Sabe qual é o seu cronotipo? Cronotipos são os nossos perfis de preferência circadiana, ou seja, referem-se às diferenças de rendimento que cada pessoa tem em relação aos períodos de sono e vigília ao longo das 24 horas do dia. Podemos ser matutinos ou diurnos (se preferimos acordar cedo e temos um bom desempenho nas atividades que iniciam de manhã), vespertinos ou noturnos (se somos mais produtivos à noite ou de madrugada e preferimos ficar acordados até mais tarde), ou intermediários (se nos adaptamos com facilidade aos horários matutinos e vespertinos).

Os ritmos circadianos têm sido cada vez mais estudados porque podem ajudar a perceber o aparecimento de transtornos mentais, como a ansiedade e a perturbação de stress pós-traumático (PSPT). Nesse sentido, os investigadores Chiara Lucifora, Giorgio M. Grasso, Michael A. Nitsche, Giovanni D'Italia, Mauro Sortino, Mohammad A. Salehinejad, Alessandra Falzone, Alessio Avenanti e Carmelo M. Vicario recorreram ao clássico paradigma pavloviano de condicionamento do medo para estudar a base neurocognitiva da associação entre o cronotipo e as respostas de medo em humanos saudáveis.

No artigo “Enhanced fear acquisition in individuals with evening chronotype. A virtual reality fear conditioning/extinction study”, publicado no Journal of Affective Disorders, em agosto 2022, os investigadores da Università Degli Studi di Messina e Università di Bologna (Itália), Leibniz Research Center for Working Environment and Human Factors (Alemanha) e Universidad Católica Del Maule (Chile) explicam que recorreram a 40 participantes recrutados entre estudantes da Universidade de Messina, 20 com cronotipo noturno e 20 controlos (ou seja, com cronotipo intermediário) para completarem durante dois dias uma tarefa de realidade virtual para aquisição e extinção de resposta de medo condicionada.

“Até onde sabemos, apenas um estudo (Pace-Schott et al., 2015) até à data havia explorado o papel dos cronotipos na aquisição e extinção do medo em humanos saudáveis, porém não testou cronotipos intermediários, o grupo de controlo ideal por serem o cronotipo mais frequente na população (Partonen, 2015)”, explica Carmelo M. Vicario, investigador apoiado pela Fundação BIAL.

A análise dos resultados obtidos nos dois grupos mostrou uma maior resposta de aquisição de medo em indivíduos com cronotipo noturno, em comparação com participantes com cronotipo intermediário, confirmando evidências anteriores que associavam o cronotipo noturno a um risco maior de transtornos de ansiedade (Alvaro et al., 2014; Park et al., 2015) e PSPT (por exemplo, Hasler et al., 2013; Yun et al., 2015).

“Este estudo fornece novos insights sobre a influência dos ritmos circadianos nos processos cognitivos e afetivos, sugerindo que a maior vulnerabilidade do cronotipo noturno à ansiedade e transtornos relacionados pode ser mediada pela aquisição alterada do medo”, revela Vicario.

Saiba mais sobre o projeto “Exploring the effect of transcranial direct current stimulation during sleep on fear extinction learning” aqui.


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