Sonhar enquanto se dorme e “sonhar acordado”: diferenças e semelhanças

Sonhar enquanto se dorme e “sonhar acordado”:  diferenças e semelhanças

Estudo revela que os sonhos “diurnos” ou devaneios que temos quando estamos acordados registam uma maior incorporação de acontecimentos dos dois dias anteriores. Já os sonhos “noturnos” que ocorrem na última fase do ciclo do sono são mais complexos e parecem conter mais imagens e associações metafóricas, assemelhando-se a um enredo de ficção. Em comum surgem as referências a eventos pessoais e preocupações da vida recente.

Mark Blagrove inicia o enquadramento do seu estudo citando Maquet & Ruby (2004) ao evocar os livros Drácula de Bram Stoker e Frankenstein de Mary Shelley, que se diz terem resultado da recordação de sonhos dos respetivos autores. «Ao longo da história, houve relatos de que a análise dos sonhos pode originar epifanias, ideias inovadoras e realizações pessoais» recorda o psicólogo britânico especializado em estudos do sono e dos sonhos. Mas afinal o que distingue os sonhos “diurnos” ou devaneios (daydreams) dos sonhos que ocorrem durante o denominado sono REM (Rapid Eye Movement), ou seja, no último estágio do ciclo do sono?

Para responder a essa  questão, o investigador e a sua equipa da Universidade de Swansea no País de Gales, desenvolveram, com o apoio da Fundação BIAL, um estudo sobre os sonhos “diurnos” e em que medida se diferenciam dos sonhos que surgem durante o sono REM.

Durante dez dias, 31 estudantes universitários, com idades entre os 18 e os 30 anos, registaram num diário os acontecimentos de cada dia (atividades, eventos pessoais importantes e preocupações). No décimo dia, os participantes dormiram no Laboratório do Sono da Universidade de Swansea, liderado por Mark Blagrove, e foram monitorizados com recurso a polissonografia e eletroencefalografia. Numa primeira fase, foi-lhes pedido que repousassem, sem adormecer, e relatassem os sonhos “diurnos”. Em seguida, adormeceram e foram despertados para relatarem os sonhos “noturnos” dez minutos após o início do sono não REM (fase 2) e dez minutos depois de ter começado o sono REM.

Mark Blagrove, Chris Edwards, Jean-Baptiste Eichenlaub e Perrine Ruby concluíram que nos sonhos “diurnos” os participantes tendiam a sonhar com eventos e preocupações que tinham acontecido no próprio dia, ou na véspera de dormir no Laboratório do Sono (memória recente) muito mais do que com preocupações ocorridas nos oito dias anteriores. Também se constatou que nos sonhos “diurnos” a quantidade de preocupações é superior à dos sonhos “noturnos”.

Contudo, os sonhos “noturnos” que ocorrem durante a fase REM são mais complexos. De acordo com os resultados obtidos, as preocupações da vida “acordada” que formam o sonho “noturno”, apresentam-se como uma espécie de enredo de ficção que parece utilizar mais imagens e associações metafóricas, por comparação ao sonho “diurno”.

Saiba mais sobre o estudo “Electrophysiological correlates of the incorporation of recent memory sources into REM and non-REM dreams and of levels of insight following REM and non-REM dream interpretation” aqui.


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